As características de edifícios na Amazônia



Saiba quais as diferenças entre edificações na Amazônia e nas demais regiões do Brasil
André Siqueira Cardoso
........................

As características da região Amazônica nortearam o mestrado e doutorado do docente aposentado José Luiz Ferreira Fleury, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. O estudo desenvolvido pelo pesquisador deu subsídios para o desenvolvimento de sua sua pesquisa, que busca responder o seguinte questionamento: como habitar com conforto ambiental nas cidades e nos edifícios, na região de clima quente e úmido?
Um dos fatores que motivou Fleury a pesquisar a questão da habitação na região equatorial foi uma viagem realizada em 1976 para a região Norte do País. “Em julho de 1976 levei minha família para conhecer uma pequena porção da região Norte. Visitamos Belém, Santarém e Manaus. Lá, constatei a proliferação dos modelos importados de climas mais amenos do Sudeste, sendo aplicados inadequadamente àqueles sítios equatoriais, com seus desenhos urbanos, suas edificações, seus materiais de construção e às tecnologias mal empregadas”, conta. Outro aspecto relevante foi a leitura do livro A Selva Amazônica: Paraíso ou Inferno Verde?. Segundo Fleury, a obra de Goodland e Irwin o levou a estudar como poderiam ser projetados adequadamente os núcleos urbanos para os assentamentos humanos na região que ocupa a metade do território brasileiro.
Fleury se atém à comparação dos edifícios da região Amazônica com construções elaboradas no Sul do país, por exemplo. O estudo de campo realizado pelo docente permitiu constatar que em Curitiba, região de clima frio e seco, os projetos arquitetônicos apresentavam janelas estreitas, não havia varandas, e a configuração interna não propiciava a ocorrência da ventilação cruzada, que envolve janelas e aberturas em fachadas opostas do edifício. Nesta lógica, o ar mais fresco entra pelo lado do edifício onde a brisa existe, o que provoca a saída do ar quente pelas janelas e aberturas no lado oposto. Em contraponto, na região quente e úmida da Amazônia, a pesquisa indica a construção de habitações que possuam paredes laterais com aberturas laterais que permitam ventilação eficiente e baixa radiação da cobertura, geralmente de cimento-amianto. “Esta configuração resulta no excelente conforto higro-térmico e lumínico das construções”, analisa. Um cenário de conforto higro-térmico é aquele no qual o interior da construção não afeta os mecanismos de termorregulação do corpo humano, permitindo vida sedentária, por exemplo.
Em seu doutorado, Fleury apresentou uma proposta esquemática para os assentamentos humanos daquela região. O intuito seria o de integrar as edificações com o sistema de suporte ambiental urbano, que abriga placas solares geradoras de energia elétrica, responsáveis pela manutenção técnica permanente, o que alimentá as edificações conectadas. “Uma das vantagens desse sistema é evitar a propagação do fogo em caso de incêndios”.
_______________________
Fonte: https://paineira.usp.br/aun/index.php/2017/08/17/as-caracteristicas-de-edificios-na-amazonia/



Postagens mais visitadas deste blog

Flores da Amazônia

FRUTAS DO PARÁ

FUNÇÕES AMBIENTAIS DAS MACRÓFITAS AQUÁTICAS.