Desmatamento da Amazônia nos países andinos é alarmante, mostra WWF
Paula Laboissière - Repórter da
Agência Brasil Edição: Stênio
Ribeiro
Nos últimos dez
anos, o Brasil tem se esforçado para evitar o desmatamento na Amazônia, por
meio de políticas públicas, mecanismos e sistemas de proteção da floresta
tropical, mas permanecem alarmantes o desmatamento e a degradação florestal em
países vizinhos que compartilham o bioma, como Bolívia, Peru, Equador e
Colômbia, diz relatório da organização não governamental WWF Brasil.
Em levantamento
divulgado hoje (9), a ONG destaca que foram identificadas 25 frentes de
desmatamento na região, com aumento da perda florestal nos países andinos. Em
2001, o desmatamento no Brasil representou 81% do total desmatado no bioma e,
em 2012, a proporção caiu para 44%.
"Desse modo,
os avanços brasileiros, no que se refere à queda do desmatamento de florestas
da Amazônia, foram perversamente compensados pelo crescimento da destruição das
florestas amazônicas em outros países", diz o documento.
A WWF ressaltou,
porém, que, apesar da redução significativa, o Brasil ainda figura no topo doranking de
desmatamento no mundo, com a supressão de 4.571 quilômetros quadrados (km²) de
florestas em 2012, que aumentaram para 5.891 km² em 2013. "A indicação de
uma retomada da elevação das taxas de desmatamento, em 2014, exige atenção
ainda maior para o assunto", acrescenta o relatório.
O coordenador do
Programa Amazônia WWF Brasil, Marco Lentini, lembrou que o desmatamento ainda é
visto por muitos como um simples problema de cunho ambiental, quando, na
verdade, é um assunto intimamente ligado ao ordenamento do uso do território e
à economia, por exemplo.
“O desmatamento na
Amazônia teve dois picos importantes, em 1995 e 2004. Perdemos algo em torno de
400 mil km² desmatados desde 1988. É uma grande mazela brasileira, já que
perdemos pelo menos 19% da Amazônia”, disse. “Tivemos redução muito
significativa, mas ainda temos grandes desafios”, ressaltou Lentini.
Das recomendações
do relatório, ele destacou que as prioridades são manter a atenção e estimular
a vontade política de combate e prevenção ao desmatamento; enfrentar o desafio,
incentivar e promover as integrações; e investigar e decifrar as cadeias de
relações causais de desmatamento para orientar o planejamento, conforme
situações específicas de prevenção e combate.
A WWF Brasil também
recomenda incentivar a legalidade e combater as fragilidades institucionais e
normativas que abrem espaço para a impunidade; incentivar e intensificar a
formação e consolidação de cadeias produtivas sustentáveis; e implementar e
buscar aprimoramento de sistemas de monitoramento da cobertura florestal.
Para André Dias, da
Iniciativa Amazônia Viva, o relatório da WWF deve servir de estímulo e
oportunidade para que os demais países que abrigam a Amazônia instituam e
fortaleçam políticas públicas de controle do desmatamento.
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