100.000 acessos !!! Parabéns MOSQUEIRO AMBIENTAL !!!
Parabéns! MOSQUEIRO AMBIENTAL
Nosso blog teve mais de 100.000 acessos! Um sucesso! O que significa que aqui com certeza é o melhor lugar para estar bem informado sobre meio ambiente, notícias, estudos e protagonismo socioambiental em práticas sustentáveis na ilha amazônica de Mosqueiro, Belém do Pará.
Agradecemos a todos os leitores a preferência por este blog e espero que continuem sempre conosco!
Valeu !!!
_______
Pronunciamento do Cacique Seattle
Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra?
Tal ideia nos é estranha. Se não somos donos da
pureza do ar
ou do resplendor da água, como então podes
comprá-los?
Cacique
Seattle
Em 1854, o
presidente dos Estados Unidos propôs comprar uma grande área de
terra dos índios peles-vermelhas, prometendo uma reserva para
que nela eles pudessem viver. A resposta do Cacique Seattle é
tida como uma profunda declaração de amor ao Meio Ambiente,
brotada do coração puro e simples de um índio cheio de
reconhecimento à Natureza por tudo de bom que ela dá ao homem.
Eis a resposta:
A "CARTA"
DO CACIQUE SEATTLE
Introdução: o cenário
histórico
A equipe de Floresta Brasil fez uma
pesquisa sobre a história da carta que o cacique Seattle teria
mandado ao presidente norte-americano Franklin Pierce, em 1854,
em resposta à proposta deste último de comprar terras que até
então tinham “pertencido” à sua tribo.
Antes de continuarmos, parece
oportuno observar que a palavra “chief”, da língua
inglesa, tem como correspondente na língua portuguesa a palavra
“cacique”. Assim, se estivermos falando português,
parece mais adequado nos referirmos à personalidade que teria
escrito a carta como “cacique Seattle”, e não
"chefe Seattle".
Um outro aspecto que resultou de
nosso estudo é que descobrimos, para nossa surpresa, que é
possível encontrar várias versões dessa "carta". O
que imediatamente traz a dúvida: Qual das versões seria a
“carta” verdadeira? Pois bem, continuando a pesquisa,
descobrimos que muito provavelmente o cacique Seattle jamais
escreveu carta alguma com o conteúdo que lhe é atribuído, ao
presidente Franklin Pierce.
O que terá acontecido
então?
Pois bem: segundo as fontes que
pesquisamos, os índios Duwamish habitavam a região onde
atualmente se encontra o estado de Washington - no extremo
Noroeste dos Estados Unidos, fazendo divisa com o Canadá. E a
famosa "carta" parece ter sido, na verdade, um texto
publicado em um jornal local baseado na inspirada reflexão que o
cacique Seattle fez para sua tribo, reunida naquele deslumbrante
cenário natural, sobre as relações do homem com a Natureza, em
resposta à proposta presidencial, de compra de terra, trazida
pessoalmente pelo recém-chegado encarregado de assuntos
indígenas do governo norte-americano.
O primeiro registro conhecido sobre
a fala do cacique Seattle parece ser um artigo publicado pelo Dr.
Henry Smith, no Jornal Seattle Sunday Star, em 1887. O Dr.Smith
teria estado presente quando do pronunciamento do Grande Cacique,
tendo o texto do artigo se baseado nas anotações que seu autor
teria feito na ocasião do discurso.
Para uma melhor compreensão do
discurso em si um discurso cujo conteúdo e cujas palavras ainda
hoje, passado mais de um século, soam tão sábias e profundas -
resolvemos oferecer aos interessados no assunto 2 (dois) textos:
- o primeiro texto traz a
impressionante descrição que o Dr. Smith fez sobre o local onde
o fato ocorreu, sobre a atitude dos ouvintes - de profundo
silencio e atenção e, mais impressionante ainda, sobre a forte,
solene e carismática personalidade do orador e, finalmente,
sobre a forma com que a fala foi proferida. De fato, o cenário
descrito faz com que nos perguntemos se aquele não foi um
daqueles raros e mágicos momentos da história da humanidade em
que um coração forte, sensível e inspirado, consegue
verbalizar palavras que chegam fundo no coração de outros
homens. Mesmo que estes outros homens, como nós, tomem
conhecimento daquelas palavras muitos e muitos anos depois...
Confirmando o que disse Seattle: “Minhas palavras são como
as estrelas, que não empalidecem”
- o segundo texto é o
pronunciamento do cacique propriamente dito. A versão que
apresentamos é a tradução de uma das mais famosas versões
divulgadas durante a década de 70. A foto do Grande Cacique
Seattle (1787-1866) é de autoria de E.M.Sammis: seu original
encontra-se na “Special Collection” da Universidade de
Washington, sob o nº NA 1511.
Ambos os textos, do artigo do Dr.
Henry A. Smithe e do pronunciamento em si, foram obtidos, em
inglês, no site:
O texto do artigo do Dr.
Henry Smith, que se encontra logo abaixo, foi traduzido pela equipe de
Floresta Brasil diretamente do artigo original, publicado em
inglês em 1887, que se encontra na seção em língua inglesa de
nossa página (http://www.florestabrasil.org.br).
"O velho cacique Seattle
era o maior índio que eu jamais havia visto. E o que tinha
aparência mais nobre. Em seus mocassins, ele media mais de
1,80m, ombros largos, tórax amplo e traços finos. Seus olhos
eram grandes, inteligentes, expressemos e amigáveis quando em
repouso, e espelhavam fielmente os variados estados de espírito
da grande alma que olhava através deles. Normalmente ele era
solene, calado e digno, porém nas grandes ocasiões movia-se na
multidão como um Titã entre Liliputianos, e o que dissesse era
lei.
Quando se levantava para falar,
em reuniões, ou para oferecer conselho, todos os olhos se
voltavam para ele, e então frases profundas, sonoras e
eloqüentes fluíam de seus lábios assim como trovões de
cataratas fluindo continuamente de fontes inexauríveis. Suas
diretrizes soavam tão nobres como teriam soado aquelas do mais
cultivado chefe militar que estivesse no comando das forças de
todo o continente. Nem sua eloqüência, nem sua dignidade ou sua
graça haviam sido adquiridas. Elas eram tão próprias da sua
personalidade quanto as folhas e as flores o são em um
pessegueiro em flor.
Sua influência era maravilhosa.
Ele poderia ter sido um imperador, mas todos os seus instintos
eram democráticos, e ele comandava os seus leais cidadãos com
suavidade e com paternal benignidade.
Ele sempre era alvo de especial
atenção pelo homem branco, principalmente quando sentado à sua
mesa. Era nessas ocasiões que ele demonstrava, mais do que em
qualquer outro lugar, o cavalheirismo que lhe era genuíno.
Assim que o Governador Stevens
chegou em Seattle e disse aos nativos que tinha sido indicado com
comissário para assuntos indígenas para o território de
Washington, estes lhe prepararam recepção frente dos
escritórios do Dr. Maynard's, na margem próxima da Rua
Principal - Main Street. A baía enxameava de canoas enquanto a
margem esta tomada por uma morena e movimentada massa humana.
Quando o timbre de trombeta da voz do velho cacique espalhou-se
sobre a imensa multidão como o rufar de um tambor, formou-se um
silêncio tão instantâneo e perfeito como aquele que segue o
crack do trovão em um céu limpo.
Sendo então apresentado à
multidão nativa pelo Dr. Maynard, em um tom conversacional,
direto e objetivo, o Governador deu imediatamente início a uma
explanação sobre sua missão, que é conhecida demais para que
requeira recapitulação.
Quando ele se sentou, o cacique
Seattle levantou-se com a dignidade de um senador que carrega em
seus ombros a responsabilidade sobre uma grande nação.
Colocando uma mão sobre a
cabeça do Governador, e lentamente apontando para o céu com o
dedo indicador da outra, em tom solene e impressionante, começou
seu memorável pronunciamento.
Fonte: "Trechos de um diário: O
Cacique Seattle: Um cavalheiro por instinto". 10º artigo da
série “Primeiras Reminiscências” - Seattle Sunday
Star, 29 de outubro de 1887 do articulista
Henry Smith (tradução livre, pela equipe de
Floresta Brasil)
(discurso
pronunciado após a fala do
encarregado de negócios indígenas do governo norte-americano
haver dado a entender que desejava adquirir as terras de sua tribo Duwamish).
O grande chefe
de Washington mandou dizer que desejava comprar a nossa terra, o
grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e
benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele
não precisa de nossa amizade.
Vamos, porém,
pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o
homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande
chefe de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz com a
mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na
alteração das estações do ano.
Minhas
palavras são como as estrelas que nunca empalidecem.
Como podes
comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia nos é
estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da
água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é
sagrado para meu povo, cada folha reluzente de pinheiro, cada
praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada
clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na
consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores
carrega consigo as recordações do homem vermelho.
O homem branco
esquece a sua terra natal, quando - depois de morto - vai vagar
por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta
formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte
da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas
irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos.
As cristas rochosas, os sumos da campina, o calor que emana do
corpo de um mustang, e o homem - todos pertencem à mesma
família.
Portanto,
quando o grande chefe de Washington manda dizer que deseja
comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O grande chefe
manda dizer que irá reservar para nós um lugar em que possamos
viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus
filhos. Portanto, vamos considerar a tua oferta de comprar nossa
terra. Mas não vai ser fácil, porque esta terra é para nós
sagrada.
Esta água
brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas
sim o sangue de nossos ancestrais. Se te vendermos a terra,
terás de te lembrar que ela é sagrada e terás de ensinar a
teus filhos que é sagrada e que cada reflexo espectral na água
límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida de
meu povo. O rumorejar d'água é a voz do pai de meu pai. Os rios
são nossos irmãos, eles apagam nossa sede. Os rios transportam
nossas canoas e alimentam nossos filhos. Se te vendermos nossa
terra, terás de te lembrar e ensinar a teus filhos que os rios
são irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a
afabilidade que darias a um irmão.
Sabemos que o
homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um
lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que
chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A
terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de a
conquistar, ele vai embora, deixa para trás os túmulos de seus
antepassados, e nem se importa. Arrebata a terra das mãos de
seus filhos e não se importa. Ficam esquecidos a sepultura de
seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele trata sua
mãe - a terra - e seu irmão - o céu - como coisas que podem
ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelha ou miçanga
cintilante. Sua voracidade arruinará a terra, deixando para
trás apenas um deserto.
Não sei.
Nossos modos diferem dos teus. A vista de tuas cidades causa
tormento aos olhos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim
por ser o homem vermelho um selvagem que de nada entende.
Não há
sequer um lugar calmo nas cidades do homem branco. Não há lugar
onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o
tinir das assa de um inseto. Mas talvez assim seja por ser eu um
selvagem que nada compreende; o barulho parece apenas insultar os
ouvidos. E que vida é aquela se um homem não pode ouvir a voz
solitária do curiango ou, de noite, a conversa dos sapos em
volta de um brejo? Sou um homem vermelho e nada compreendo. O
índio prefere o suave sussurro do vento a sobrevoar a
superfície de uma lagoa e o cheiro do próprio vento, purificado
por uma chuva do meio-dia, ou recendendo a pinheiro.
O ar é
precioso para o homem vermelho, porque todas as criaturas
respiram em comum - os animais, as árvores, o homem.
O homem branco
parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em
prolongada agonia, ele é insensível ao ar fétido. Mas se te
vendermos nossa terra, terás de te lembrar que o ar é precioso
para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida que ele
sustenta. O vento que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro
de vida, também recebe o seu último suspiro. E se te vendermos
nossa terra, deverás mantê-la reservada, feita santuário, como
um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o
vento, adoçado com a fragrância das flores campestres.
Assim pois,
vamos considerar tua oferta para comprar nossa terra. Se
decidirmos aceitar, farei uma condição: o homem branco deve
tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.
Sou um
selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto
milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo
homem branco que os abatia a tiros disparados do trem em
movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante
cavalo de ferro possa ser mais importante do que o bisão que
(nós - os índios) matamos apenas para o sustento de nossa vida.
O que é o
homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem
morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto
acontece aos animais, logo acontece ao homem. Tudo está
relacionado entre si.
Deves ensinar
a teus filhos que o chão debaixo de seus pés são as cinzas de
nossos antepassados; para que tenham respeito ao país, conta a
teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela
nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que
a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra - fere os filhos
da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles
próprios.
De uma coisa
sabemos. A terra não pertence ao homem: é o homem que pertence
à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão
interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está
relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os
filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele
é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si
próprio fará.
Os nossos
filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos
guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota
passam o tempo em ócio, envenenando seu corpo com alimentos
adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde
passaremos os nossos últimos dias - eles não são muitos. Mais
algumas horas, mesmos uns invernos, e nenhum dos filhos das
grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em
pequenos bandos pelos bosques, sobrará, para chorar sobre os
túmulos de um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de
confiança como o nosso.
Nem o homem
branco, cujo Deus com ele passeia e conversa como amigo para
amigo, pode ser isento do destino comum. Poderíamos ser irmãos,
apesar de tudo. Vamos ver, de uma coisa sabemos que o homem
branco venha, talvez, um dia descobrir: nosso Deus é o mesmo
Deus. Talvez julgues, agora, que o podes possuir do mesmo jeito
como desejas possuir nossa terra; mas não podes. Ele é Deus da
humanidade inteira e é igual sua piedade para com o homem
vermelho e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e
causar dano à terra é cumular de desprezo o seu criador. Os
brancos também vão acabar; talvez mais cedo do que todas as
outras raças. Continuas poluindo a tua cama e hás de morrer uma
noite, sufocado em teus próprios desejos.
Porém, ao
perecerem, vocês brilharão com fulgor, abrasados, pela força
de Deus que os trouxe a este país e, por algum desígnio
especial, lhes deu o domínio sobre esta terra e sobre o homem
vermelho. Esse destino é para nós um mistério, pois não
podemos imaginar como será, quando todos os bisões forem
massacrados, os cavalos bravios domados, as brenhas das florestas
carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas colinas
empanada por fios que falam. Onde ficará o emaranhado da mata?
Terá acabado. Onde estará a águia? Irá acabar. Restará dar
adeus à andorinha e à caça; será o fim da vida e o começo da
luta para sobreviver.
Compreenderíamos,
talvez, se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se
soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos nas
longas noites de inverno, quais as visões do futuro que oferece
às suas mentes para que possam formar desejos para o dia de
amanhã. Somos, porém, selvagens. Os sonhos do homem branco são
para nós ocultos, e por serem ocultos, temos de escolher nosso
próprio caminho. Se consentirmos, será para garantir as
reservas que nos prometestes. Lá, talvez, possamos viver o
nossos últimos dias conforme desejamos. Depois que o último
homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da
sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu
povo continuará vivendo nestas floresta e praias, porque nós a
amamos como ama um recém-nascido o bater do coração de sua
mãe.
Se te
vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Preteje-a
como nós a protegíamos. Nunca esqueças de como era esta terra
quando dela tomaste posse: E com toda a tua força o teu poder e
todo o teu coração - conserva-a para teus filhos e ama-a como
Deus nos ama a todos. De uma coisa sabemos: o nosso Deus é o
mesmo Deus, esta terra é por ele amada. Nem mesmo o homem branco
pode evitar o nosso destino comum.
Fonte:
http://www.ufpa.br/permacultura/carta_cacique.htm.Acesse: http://mosqueiroambiental.blogspot.com.br/