O peixe que você come pode prejudicar o meio ambiente



O rastro que você deixa para fazer alguma comida chegar no seu prato é enorme.
Cação, garoupa, merluza, ostra, lagosta, pirarucu e atum estão na lista vermelha: espécies correm risco.

Quem vai atrás para ver onde ela vai dar normalmente acaba mudando seus hábitos alimentícios. Mas não é preciso ser radical para ser um glutão responsável - muitas vezes exigir a identificação da origem de alguma carne ou vegetal já pode ser suficiente para optar por pratos alternativos em vez do original. Essa medida é especialmente importante no caso de quem gosta de pescados, sejam peixes, moluscos ou crustáceos.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Ministério do Meio Ambiente, assim como o Instituto Chico Mendes (ICM) são responsáveis pela “lista vermelha”, como é chamada, que contém os nomes das espécies em risco de extinção. Constam nela 627 espécies, sendo do ambiente marinho 19 peixes, 33 invertebrados e 7 mamíferos. A lista passa atualmente por uma atualização em função de um novo estudo que segue sendo feito.  E já se sabe que o número de espécies em risco deve aumentar.
Até agora foram avaliadas cerca de 1,8 mil espécies; a meta, no entanto, é estudar o perfil de risco de 10 mil espécies até 2014 e, prevê-se, chegar a 1 mil espécies presentes na tal lista vermelha. Entre 2002 e a lista preliminar, o número de espécies com risco classificado como “vulnerável” caiu de 330 para 105, enquanto o “em perigo” também caiu de 163 para 89, e os considerados “criticamente em perigo” pularam de 125 para 331.

Como ferramentas contra a extinção de espécies marinhas, o Ibama atualiza anualmente os períodos de defeso (reprodução) de várias espécies marinhas e suspendendo a captura; e cria e gerencia unidades de conservação marinha e costeira, úteis na proteção da biodiversidade desses locais e direcionamento do uso de recursos naturais para um modelo mais sustentável (cerca de 50% da lista do ICM vive em unidades de conservação).
Boa parte dos animais sob risco de extinção sofrem com poluição e são alvos de pescadores que fazem uso de práticas incorretas para a extração do quer deseja e prejudica o ambiente. Caso da toninha, uma espécie pequena de golfinho, comum no sul do país, mas que está as com mais gravidade de risco de extinção por ser alvo involuntário de pesca de emalhe ou rede.
Outra situação é quando o animal se torna objeto de consumo muito procurado e entra para a hall, junto com 80% das principais espécies comerciais no Brasil, dos que sofrem sobrepesca ou superexploração. Neste caso, a cozinha e a sua barriga são os piores inimigos desses animais.
O que fazer? Saiba quais são as espécies que devem ficar fora do seu prato e as que, se possível (e se coincidir com o período de defeso da espécie), é melhor evitar e buscar alternativas que tenham um rastro de extração menos prejudicial ao resto do meio ambiente.
Com base no panfleto feito pelo Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), de Santos, preparamos esse guia útil antes de ir à peixaria ou a um restaurante especialista em pescados.

NÃO CONSUMIR: espécies consideradas em grande perigo ou com números de indivíduos em forte queda.
As razões normalmente envolvem caça/captura em excesso, perda/degradação de habitat e poluição. Cação-anjo, raia-viola, peixe-serra ou espadarte, surubim (Surubim-do-Jequitinhonha, Surubim-do-doce, Surubim-do-paraíba), cioba, badejo-tigre, mero; caranha, cioba ou vermelho, ostra-de-rio além de pratos como ensopados ou sushi que contenham barbatana de tubarão ou cação (cação-bico-doce, cação-pato e cação-anjo).
Neste último caso, há denúncias de dizimação de tubarões que têm suas barbatanas extraídas (procedimento chamada finning) e são jogados de volta no mar, e desorientados, morrem afogados. Desde o início de julho, a comercialização de pratos com barbatana está proibida no estado da Califórnia, nos Estados Unidos.
EVITAR: Espécies muito consumidas, e que também por isso sofrem pesca abusiva.
Muitas delas estão entre as que são protegidas Ibama em função do seu período de defeso. Badejo, cherne (defeso), corvina, enchova, garoupa, merluza, namorado, pargo, pescadinha-foguete, sardinha-verdadeira (Sardinella brasiliensis) tainha (defeso), pitu (defeso), abadejo, caranguejo-uça (defeso), lagosta (defeso), lagosta-sapateira (durante o defeso), lagostim, ostra-de-mangue, peixe-lua, pirarucu, algumas espécies de pacu e lambaris.
Além destes, o atum tem espécies prejudicadas pela pesca excessiva, principalmente o atum-azul, raro e extremamente valioso (dependendo do peso, esse peixe pode valer algumas dezenas de milhares de dólares). No Brasil, o tipo mais usado é albacora, além do espadarte e o bandolim. Sua pesca aumentou principalmente após a popularização de restaurantes japoneses, durante a última década.

Ovas de peixes também são mal vistas - principalmente de salmão e tainha (espécie controlada no sul do País), por impedir o desenvolvimento da espécie e possivelmente ter sido capturado durante o seu período de defeso. Caso semelhante é o caviar, ovas da fêmea do esturjão, extraídas enquanto o peixe está vivo (e depois é descartado após a extração).
Caso curioso é o do salmão, que apesar de não constar em nenhuma lista, leva a orientação de que se tome conhecimento da sua origem já que o animal, típico do Atlântico, está sofrendo diminuição da espécie por ataques de parasitas (piolho Caligus) gerados nas fazendas criadoras de salmão, motivadas principalmente pelas vendas a restaurantes de comida japonesa.

ALTERNATIVAS: Espécies que não são consideradas sob algum risco e podem funcionar como ótimas alternativas na cozinha, substituindo animais listados abaixo.
Abrótea (bacalhau brasileiro), agulha, atum (da espécie bonito), batata, betara, baúna, bicuda, bijupirá, cabrinha, camarão rosa, camarão branco, castanha, caranguejo vermelho, carapau, carapeba, carapicu, caratinga, cavala, cavalinha, corcoroca, congro, dourado, peixe-espada, espadarte (meca), galo, guaivira, linguado, lulas, manjuba, manjubão, maria-luiza, mexilhão, michole, miragaia, olhete, olho-de-boi, olho-de-cão, olhudo, ostra-de-mangue, ostra-japonesa, oveva, palombeta, pampo, parati, pescada, pirajica, piraúna, prejereba, robalo, salema, salmonete, sarrão, savelha, sororoca, tira-vira, trilha, vieira, xaréu, xerelete e xixarro.

Fonte:  http://saude.cbnfoz.com.br/bem-estar-vida-e-saude/editorial/viva-melhor/04082013-34983-o-peixe-que-voce-come-pode-prejudicar-o-meio-ambiente

Postagens mais visitadas deste blog

Flores da Amazônia

FRUTAS DO PARÁ

FUNÇÕES AMBIENTAIS DAS MACRÓFITAS AQUÁTICAS.