Arraias (raias) no estuário amazônico
A
América do Sul (AS) apresenta uma grande diversidade de peixes de água doce e
marinha, com ocorrência de muitas espécies de arraias (raias). Na AL existe uma
família de raias (Potamotrygonidae) que está restrita a ambientes dulcícolas.
As raias ou arraias de água doce pertencem à Classe Chondrichthyes, Subclasse
Elasmobranchii e a Ordem Rajiformes.
O estuário amazônico forma
um ambiente peculiar e ainda pouco estudado, que abriga espécies marinhas,
estuarinas e de água doce, sendo algumas de fundamental importância para a
pesca regional e nacional. A enorme descarga de águas continentais (6.300
km3/ano) e de sedimentos (9,3x108 ton./ano) do rio Amazonas forma um ambiente
complexo e de grande extensão na sua foz.
Neste
ambiente natural - foz dos rios Amazonas e Tocantins e um arquipélago de ilhas
flúvio-marinhas onde se destaca a ilha de Marajó abrigam tanto arraias (raias)
continentais quanto marinhas.
Estudo
em ambiente natural sobre os hábitos e estratégias alimentares de espécies de
arraia de água doce permite a inferências sobre ecologia e conservação das
espécies.
Fisiologicamente,
as raias da família Potamotrygonidae, são peixes que possuem o corpo circular
ou em forma de disco, comprimido dorso-ventralmente. A boca está situada em
posição ventral e possui uma série de pequenos dentes molariformes considerados
adaptados ao tipo de alimento consumido, sendo moluscos, crustáceos e pequenos
peixes itens alimentares considerados principais.
A
revisão sistemática da família apontou a existência de três gêneros válidos
para a região Neotropical, sendo: Paratrygon e Plesiotrygon (monoespecíficos) e
Potamotrygon (compreendendo aproximadamente 18 espécies). Entretanto, algumas
evidências sugerem que outras espécies ainda possam ser descritas. A região
amazônica é a que oferece maior diversidade de espécies nos três gêneros.
Algumas
espécies de raias de água doce possuem valor no mercado de peixes ornamentais,
apesar de não serem amplamente utilizadas para fins de consumo na região da
bacia Amazônica. Potamotrygon orbignyi está entre as espécies capturadas na
região da foz Amazônica como peixe ornamental.
Alguns
estudos científicos focaram os hábitos das raias em relação as suas presas,
outros relacionaram a anatomia dos potamotrigonídeos com seus hábitos
alimentares, afirmando que suas placas dentárias eram consideradas ideais para
triturarem conchas e carapaças insetívoras. Paratrygon aiereba possui
preferência alimentar por peixes e camarões e P. orbignyi apresentou uma preferência
alimentar por piolhos d’água (Família Sphaeromatidae) e larvas de insetos
(Família Chironomatidae). Com relação as táticas alimentares de Potamotrygon
leopoldi e Potamotrygon aff. histrix (possivelmente se referindo a Potamotrygon
orbignyi), como sendo do tipo fossadoras/especuladoras de substrato.
Outras
pesquisas estão voltadas a fauna de animais aquáticos potencialmente perigosos
à saúde humana onde aparecem as arraias marinhas e as de águas doces. As
arraias estão vinculadas a um tipo de ictismo – caracterizado por acidente
causado por peixes, através de ferroada.
A vítima da ferroada sente
uma dor aguda e sofre um ferimento de cicatrização difícil, de consequências
como necroses (morte de tecidos) ou problemas cardiorrespiratórios. Ainda
assim, acidentes fatais com humanos são bastante raros – é preciso que um órgão
vital seja atingido ou que a pessoa seja muito sensível à peçonha.
Assim,
é bom ficar longe delas. Evite nadar quando a maré está baixa (e elas ficam
mais expostas). Lugares com lama e com poucas ondas são alguns dos prediletos
das arraias. Pescadores e ribeirinhos, vítimas comuns desses animais, costumam
dar outra dica: ao entrar na água, não dê passos largos – arraste os pés para
avisar a arraia, que tem tempo de fugir sem que ninguém saia ferido.
Rx de um exemplar de arraia
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Fonte:
iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/pc/.../iec/.../leao_cap55p813-817.pdf