Parque Ecológico da Ilha de Mosqueiro - Belém como rota das aves migratórias neárticas no Brasil
Em
21011, após estudo efetivado desde 2004, a Conservação Internacional – CI
(BRASIL) e o Serviço de Pesca e Fauna dos Estados Unidos (US Fishing and
Wildlife Service), dentro do Programa de Subsídio Financeiro para a Lei de
Conservação de Aves Migratórias Neotropicais (Neotropical Migratory Bird
Conservation Act Program), tendo como organizadores Renata de Melo Valente,
José Maria Cardoso da Silva, Fernando Costa Straube e João Luiz Xavier do
Nascimento, publicaram CONSERVAÇÃO DE
AVES MIGRATÓRIAS NEÁRTICAS NO BRASIL, representando segundo os
organizadores “(...) o primeiro passo para ajudar a guiar os esforços de
conservação de mais de 80 espécies de aves migratórias neárticas que dependem
de habitats brasileiros”.
Além de estabelecer
informações científicas para futuras parcerias de conservação no país e entre
instituições brasileiras e de outros países que compartilham espécies, fomentar
bases para elaboração de projetos de pesquisa com ações de conservação, a
publicação com informações de espécies que se reproduzem em outras partes do
planeta e usam os ecossistemas brasileiros somente durante o período não
reprodutivo, pretende orientar as organizações conservacionistas quanto aos
lugares mais críticos para as aves migratórias e ajudá-las a focar esforços em
ações que priorizem as necessidades mais importantes dessas espécies.
A região norte
é uma das mais importantes no processo migratório de muitas espécies neárticas,
com destaque para o município de Belém e suas áreas de conservação - Área de
Proteção Ambiental de Belém (7.226 ha): Parque ambiental de Belém (1.278 ha),
Parque ecológico de Belém (44 ha), Parque ecológico da ilha de Mosqueiro (44
ha), Área de Proteção ambiental do Combu (1.500 ha) e Área de Pesquisas
ecológicas do guamá (com cerca de 500 ha).
Dessa forma,
baseado em pesquisa de José Maria Cardoso da Silva, em CONSERVAÇÃO DE AVES MIGRATÓRIAS
NEÁRTICAS NO BRASIL, apresentamos aqui, as informações sobre as espécies
migrantes neárticas registradas em Belém, com base em estudo de Novaes e Lima
(1998), “Aves da grande Belém: Municípios de Belém e Ananindeua - Pará. Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, Pa.”.
ASPÉCTOS AMBIENTAIS DE
BELÉM
Belém
caracteriza-se por uma morfologia plana e suavemente ondulada sobre terrenos terciários e quaternários, provenientes da
Formação Barreiras e depósitos aluviais, respectivamente. as várzeas ficam nas
cotas inferiores a 4 m, os terraços nas cotas de 5 a 14 metros e os tabuleiros
nas cotas acima de 15 m. as várzeas estão sujeitas às enchentes periódicas
próximas aos rios, igarapés e depressões inferiores que sofrem a ação das variações
do lençol freático (Novaes e Lima 1998). O clima é quente e úmido, com precipitação
anual de 2.800 mm, temperatura média de 26oC, mínima de 23oC e máxima de 31oC.
a umidade relativa do ar possui valores médios anuais de 80%, podendo chegar a
90% no período de dezembro a junho.
Belém era
dominada por extensas florestas de terra firme, que hoje se encontram
praticamente alteradas. elas foram substituídas por vegetações secundárias,
localmente conhecidas como capoeiras, que podem variar desde capoeiras baixas
até capoeiras mais altas, que podem até abrigar algumas espécies de árvores da
floresta de terra firme. além destas, podem ser encontradas as florestas de
igapó, as florestas de várzea e os manguezais. Na área urbana, há vários tipos
de ambientes abertos, que incluem, por exemplo, pomares, quintais, vegetação
ruderal e regiões arborizadas nas avenidas, travessas, vielas, praças e
parques.
ESPÉCIES MIGRATÓRIAS
Novaes e Lima
(1998) listaram 15 espécies de aves migrantes neárticas nos limites de Belém
(Tabela). Onze espécies ocorrem em ambientes abertos, enquanto somente quatro
utilizam as capoeiras mais altas existentes nos arredores dos centros urbanos.
Tabela
Espécies de aves
migrantes neárticas registradas em Belém, Pará. a lista de espécies é baseada
em Novaes e Lima (1998), com adições de observações sobre habitats e meses de
ocorrência feitas pelo autor. a ordenação taxonômica, bem como a nomenclatura
científica e os nomes em português, estão de acordo com o CBRO (2009).
AMEAÇA E RECOMENDAÇÕES
A população de
Belém é de 1.408.847 habitantes. a
cidade passa por um processo acelerado de urbanização como consequência do
crescimento populacional. Um dos resultados mais visíveis da urbanização sem
planejamento é a redução da área verde na cidade, que passou de 165 km2 em 1986
para 125 km2 em 2001 (Paranaguá et al. 2003). apesar de tudo, as espécies de
aves migrantes neárticas não sofrem um risco imediato, pois a maioria das
espécies utiliza ambientes abertos para forragear. entretanto, o processo de canalização dos
igarapés e rios pode reduzir a quantidade de ambientes para as aves limícolas.
as principais recomendações são: (1) implantar um programa de pesquisa sobre as
aves migratórias neárticas na cidade, dentro de um programa maior de educação
científica e ambiental; (2) ampliar o número de áreas protegidas nos limites da
cidade, dando especial ênfase à proteção de ambientes importantes para aves
migratórias, tais como as áreas abertas próximas aos rios e lagos e às
capoeiras altas.
Imagens, ordenação
taxonômica e nomenclatura científica de algumas espécies de aves migratórias
neárticas registradas em Belém.
Localidades na região
norte onde foram registradas espécies de aves migratórias neárticas.
Biografia: Conservação de aves migratórias neárticas no Brasil / Renata Valente et al., organizadores. – Belém: Conservação
internacional, 2011 400 p. : il. IN.: www.ebah.com.br/.../dissertacao-mestrado-mosqueiro