8 JUNHO - Dia Mundial dos Oceanos
O Dia Mundial dos Oceanos tem a finalidade de, a cada ano, fazer um
tributo aos oceanos e aos produtos que eles fornecem, tais como frutos do mar.
Os oceanos fornecem um meio de comunicação para o comércio global. A poluição
mundial e o consumo excessivo de peixes têm causado drásticas reduções nas
populações de muitas espécies.
Face a sua localização no estuário amazônico a Ilha de Mosqueiro é influenciada
ambientalmente pelo oceano atlântico. A
influência marítima do atlântico afeta as águas estuarina (salinidade), sobretudo
quanto ao estoque pesqueiro e a dinâmica do sistema sustentável de pesca
artesanal local.
Barco de médio porte( bmp) da frota artesanal no rio Cajueiro, Mosqueiro.
Algumas embarcações de pesca de Mosqueiro, pelo seu porte e estrutura, chegam até a Costa Norte, na área do igarapé Pacoval, além do Cabo Maguarí (Soure) e nas proximidades da Ilha do Machado (Chaves). Ali, a frota de Mosqueiro destaca-se na captura da Piramutada, área de ocorrência de conflito com os barcos da frota industrial (piramutabeiros) que operam no sistema de pesca de arrasto de parelha e de trilheira, pesca não-seletiva e altamente impactante ao meio ambiente, onde uma ou duas redes são arrastadas por dois ou três barcos respectivamente, com grande ocorrência de descarte na produção, sobretudo de fauna acompanhante.
OS
OCEANOS E A PESCA
• Os oceanos e seus recursos podem ser entendidos
como um “capital”, capaz de prover “serviços” necessários à sustentação da
vida na terra.
• Regulação da composição química da atmosfera,
reciclagem de nutrientes, regulação de populações, produção de alimentos,
recursos genéticos, recreação, etc. - 33 trilhões de dólares por ano.
• Oceanos responderiam por 63%, ou quase US$ 21
trilhões por ano, sendo que pouco mais da metade desse valor corresponderia
aos ecossistemas costeiros, particularmente importantes na regulação dos
ciclos de nutrientes.
• Sítios arqueológicos, no mar Báltico, datando de
10 mil anos, evidenciam a dependência de populações primitivas aos recursos
marinhos.
• Descobertas na costa do Peru indicam o primeiro
caso de sobrepesca há cerca de 3 mil anos, o qual teria levado à
desorganização dos padrões econômicos e sociais vigentes.
• A possibilidade de a atividade pesqueira estar
afetando as populações de peixes é reconhecida desde os primórdios do século
passado.
• As estatísticas da FAO mostram uma tendência de
crescimento constante da produção extrativa marinha, até a metade da década
de 80 e, a partir daí, um nivelamento das capturas mundiais em torno de 80
milhões de toneladas anuais.
• O problema mais grave - distorções introduzidas
na série histórica pelas estatísticas da China (responsável por cerca de
14% das capturas mundiais, marinha e continental), artificialmente infladas,
ao longo de toda a década de 80. Quando se corrige esse efeito, as capturas
totais apresentam um declínio, a partir dos anos 80, de cerca de 0,7 milhão de
toneladas anuais.
• Descartes das espécies sem interesse comercial ~
20 milhões t/ano
• Desembarques não controlados ~ 30 milhões t/ano
• Total 130 milhões t/ano.
• Recursos naturais renováveis
• Os estoques apresentam limites para o esforço de
pesca aplicável
• Estão incluídos em uma complexa rede de relações
tróficas e ambientais, características de cada ecossistema.
• A resiliência dos estoques é limitada, quando
submetidos à pesca excessiva.
• Estoques que tiveram suas biomassas reduzidas em
percentuais variando de 45 a 99% mostraram uma recuperação insignificante
em um período de 15 anos.
• Estima-se que a atividade pesqueira industrial
nos últimos 15 anos tenha levado a uma redução de 80% na biomassa dos
grandes peixes predadores (nível mais alto da cadeia trófica), com severas
implicações sobre a estrutura e função dos ecossistemas marinhos.
EFEITOS
DA PESCA
• Redução de estoques importantes e da
biodiversidade - perda de resiliência dos ecossistemas
• Remoção das espécies-alvo e modificação de suas
estruturas populacionais;
• Alterações nas populações de espécies não-alvo e
nos organismos bentônicos;
• Perturbações físicas e químicas no ambiente
(degradação dos fundos marinhos, redução da disponibilidade de
nutrientes); e nas relações tróficas.
• Descartes, incluindo quelônios, cetáceos e aves
marinhas, derivados da utilização de petrechos de pesca pouco seletivos;
• Prática do arrasto de fundo indiscriminado que
altera a diversidade, a estrutura e a produtividade das comunidades dos
invertebrados bentônicos. Estima-se que a área já arrastada corresponda a algo entre
50 e 75% da superfície total disponível nas plataformas continentais.
• Extinção econômica de diversas pescarias;
desaparecimento de populações em escala regional e extinção “ecológica” de
algumas espécies (a sua redução numérica impede o cumprimento de sua função
ecológica original no ecossistema)
• A pesca é a ação humana de maior impacto direto
sobre os oceanos
• FAO - 47% dos estoques marinhos de importância
comercial estão em seu nível máximo de explotação; 18% estão
sobreexplotados e 10% foram severamente exauridos ou encontram-se em estado de recuperação.
• Apenas 25% das populações marinhas estariam sub
ou moderadamente explotadas
• Depleção dos estoques → aumento do poder de
pesca → novos investimentos,
empréstimos e subsídios → “sobrecapitalização” do
setor pesqueiro → maior esforço de pesca → maior impacto sobre os
estoques.
• A “espiral” gerada induz à busca de novas
tecnologias, e competição pelos recursos agora mais escassos → “depleção serial”
dos estoques pesqueiros, ao longo das diversas regiões de ocorrência.
Fonte:
ILHA DE MOSQUEIRO: Práticas
de Pesca Sustentável numa Comunidade Tradicional da Amazônia – Estudo de Caso.
MAR-OCEANOGRAFIA/ BIOLOGIA PESQUEIRA